Indivíduo e cidadão

Quem de nós ainda não sentiu na carne a separação que existe entre o interesse particular e o interesse comum, o bem da sociedade? São interesses difíceis de conciliar, embora sejam interdependentes.O homem moderno encontra-se no cruzamento de duas vias: a vida privada e a vida pública. Nessa esquina, ele vive a duplicidade de sua natureza social: a de ser indivíduo e cidadão. Os sinais desse trânsito são simultâneos: compõem-se de direitos e deveres sociais. Como indivíduo e cidadão são realmente inseparáveis, os indivíduos como membros de uma nação, tornam-se cidadãos, isto é, são capazes de participar e de opinar sobre a vida política.Ao compartilhar um mesmo território sob o domínio político de um Estado, os indivíduos-cidadaõs exercitam reivindicações por melhores condições de vida. É o aprendizado da cidadania e também, a sua conquista. Desenvolvem uma consciência social e, dependendo do grau de participação política, expressam-se como consciência comunitária.A formação de uma consciência social é um lento processo de elaboração cultural, que depende do desenvolvimento da capacidade critica ao se partilharem condições de vida semelhantes. É um fenômeno de classe social em luta pela sobrevivência material e pelas idéias que defendem.À medida que tomem consciência de si, de seus iguais e de todo social, os indivíduos sentem-se herdeiros de um patrimônio físico e cultural comum a todos: as ruas, os parques, a língua. Formam um povo. Para que esse povo apresente maturidade política, é preciso um esforço conjunto de preservação de valores importantes para a convivência dos indivíduos. O respeito a coisa pública e aos costumes. O sentimento de fazer parte desse todo nem sempre se traduz em consciência comum, em respeito ao que é de todos, em senso comunitário. Embora sejamos animais sociais, ainda valorizamos pouco o que é de uso coletivo.Em inúmeras ocasiões, pó exemplo, nós, brasileiros damos demonstrações de que nos falta senso comunitário (sentimento de um mundo partilhado com responsabilidade). Não nos sentimos co-responsáveis pela conservação da escola onde estudamos, do bairro onde moramos ou da praia que é pública, e lá jogamos papeis, plásticos e latas.O QUE É DE TODOS PARECE NÃO SER DE NINGUÉMNos grandes centros urbanos do país são freqüentes os problemas de vandalismo em telefones público, escolas, veículos de transporte coletivo, praças. Contraditoriamente, isso acontece com a coisa pública, da qual os usuários são considerados os donos. O que é de todos parece não ser de ninguém. Aquele que picha, quebra, rouba, destrói acaba desfalcando os demais cidadãos de algo em comum: os telefones não funcionam, as ruas ficam às escuras com tantas lâmpadas quebradas. O próprio indivíduo acaba sendo o maior prejudicado. Esse descaso com o que é público revela a falta de amadurecimento do senso comunitário.DA INCONSCIÊNCIA A DESPROTEÇÃOEm busca da cidadania, como indivíduos , sentimo-nos muitas vezes, excluídos das coisas que deveriam ser compartilhadas. Onde se acentuam as desigualdades sociais, multiplica-se a violência, os crimes de colarinho branco e a corrupção impera, afirma-se um estado de desinteresse dos indivíduos pelo coletivo. Manifesta-se o que podemos chamar de inconsciência social.A inconsciência social é um fenômeno de reciprocidade: os indivíduos valorizam pouco a sociedade e desta descuida do cidadão. Nem sempre os indivíduos têm reconhecida, pela sociedade constituída, a plenitude dos seus direitos, sua condição de cidadão.Da fraqueza da lei social – falência no atendimento medico, abandono das escolas, desfalque na previdência, saturamento do sistema penitenciário – resulta a insegurança generalizada. Os cidadãos sentem-se desprotegidos com a violência . Do mesmo modo, a dignidade perdida de não ter um emprego gera o sentimento de desproteção.A insatisfação dos indivíduos e o crescimento da pobreza e da miséria vem preocupando os pensadores sociais. Eles desejam uma sociedade cujo pensamento, praticas e valores estejam baseados em objetivos positivos; uma sociedade onde cada cidadão exerça sua capacidade de decisão e conquiste sua liberdade com os outros

1 Response to "Indivíduo e cidadão"

  1. Anônimo Says:
    5 de junho de 2011 às 14:46

    Ótimo

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